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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

OS COMISSÁRIOS E SUAS MANIAS - PARTE I


Voar, além de ser muito prazeroso e cansativo, é muito engraçado. Às vezes vindas da cultura familiar, às vezes adquiridas em vôo, nós comissários temos muitas manias. Desde as mais bizarras até as mais engraçadas, eu sempre me divirto com elas. Vou contar algumas que já presenciei, e tenho certeza que muitas ainda estão por vir.

Alguns têm manias mais simples como a de entrar no avião com o pé direito ou fazer o sinal da cruz três vezes. Ou também a comissária que leva seu próprio "bom ar" para borrifar nos toaletes que estão com mal odor. Tem também a comissária que desinfeta toda a galley antes de usar.

Algumas manias são relacionadas a alimentação. Existe o comissário que leva uma vasilha com azeite e pimenta para colocar gosto na comida do avião. Ou então o que pega o peito de frango que embarca para a gente, desfia, coloca manteiga e joga no forno! rs As comissárias de dieta não comem nada do avião - elas levam seus shakes da Herbalife ou suas próprias misturas para comer quando dá tempo. O comissário fortão leva um cacho de bananas e come ele inteiro durante um voo longo. Já aceitei uma dica de uma colega para molhar o bolo, que embarcou de sobremesa para a tripulação, com suco de laranja - depois que sai do forno fica uma delicia!

As mais vaidosas não param de passar seus hidratantes ou borrifar suas aguas termais, compradas em Buenos Aires, no rosto. Algumas comissárias usam desodorantes em aerosol para tirar o mal cheiro de suas satilhas. Descobri uma vez com uma delas que as folhas descartáveis que forram o vaso sanitário são ótimas para tirar a oleosidade da pele. rs

(CONTINUA...)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A SOLIDÃO


O ano começa com muito trabalho! Muitas horas passadas no céu, muita pressurização e muito mais histórias para contar. Trabalhar em aviação é como escrever uma crônica por dia. Tantas histórias e pessoas passam por nós em tão pouco tempo que se cada comissário decidisse escrever um livro, encheríamos uma biblioteca. E são essas histórias que escreverei aqui no blog este ano.

Como sempre digo, a profissão de comissário tem lados positivos e negativos como qualquer outra. E nada mais negativo do que a solidão no dia a dia de um tripulante.

Fico longe da família a maioria do tempo e quando tenho que ir para São Paulo, para onde moro, quase nunca tem alguém até porque todos estão voando também. Acabo passando a noite sozinho até dar a hora de me apresentar para vôo. Quando tenho que me apresentar para trabalhar, normalmente não conheço ninguém da tripulação. Logo tenho que, pelo menos no início, manter-me distante. Afinal de contas ainda não sei se posso confiar ou não naquelas pessoas. Quando chego no hotel, nem sempre a tripulação marca de sair junto e às vezes fico sozinho no quarto do hotel tentando arranjar formas de passar o tempo.

Ou como aconteceu comigo uma vez quando tive um inativo em Campinas e toda a tripulação era de lá: Fiquei no hotel sozinho. Também tentei encontrar formas de passar o tempo. E de certa forma consegui - mas nada substitui a interação com as pessoas. Foi brabo!

Quando estou numa cidade onde não curto muito passear ou que não tem muita coisa para fazer, fico hibernando no quarto. E quando o tempo é muito grande dá vontade até de falar com as paredes. E não adianta tentar escrever, ler um livro,conversar na internet....às vezes o quarto do hotel vira uma prisão sem saída, pelo menos até a apresentação no dia seguinte. rs

É mais ou menos assim que funciona. Ficamos muito sozinhos sim! E todas as semanas essa sensação de solidão nos invade. O combate é continuar tentando ocupar a cabeça e tentar falar pela internet com o povo que você conhece.

Isso acontece menos quando a tripulação toda se junta, ou pelo menos parte dela, para sair e passear. Aí esses momentos trazem um tom de férias ao negócio todo. É bacana! Todo mundo meio que cura a solidão do outro - e na maioria das vezes sem perceber.

Na verdade, talvez a melhor forma de se curar os momentos de solidão que a profissão traz é encontrando um amor, um relacionamento sério. Mas ainda não passei por essa história para contar. rs

Foto:http://www.metrolic.com/loneliness-and-health-issues-3974/

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

QUE VENHA 2012


2011 foi um ano de grandes mudanças na minha vida. E posso dizer que praticamente todas elas vieram para agregar coisas boas, logo foram muito bem vindas. Mudei muito. Meu estilo de vida virou uma tremenda aventura diária. Conheci em apenas um ano 22 estados do Brasil e pude cruzar com pessoas tão diferentes de mim e que me ajudaram muito a ver o mundo de uma forma diferente.

Optei por mudar meus conceitos sobre muitas questões. Mudei minha alimentação, voltei firmemente a praticar atividades físicas e me proporcionei certos luxos com meu novo salário. Aliás, falando em salário, descobri ao pé da letra que quanto mais ganhamos, mais gastamos. rs

Minha família passou o ano de forma saudável e segura financeiramente. Meu afilhado cresceu muito e tem ficado cada vez mais esperto! Garotão lindo!

Meus grandes amigos, esses continuaram a marcar presença na minha vida. Graças a Deus! Eles tiveram que se adaptar a minha nova vida. E o mais engraçado é que mesmo com tantos deslocamentos, eu os vejo mais do que nunca. Admito que devo presença a uma delas, aquela de anos e anos - mas ela sabe que a amo e que farei o possível para encontrá-la mais.

Tenho me esforçado mais para marcar presença na minha cidade. Até porque descobri em 2011 que não há lugar melhor do que nossa casa. Todas as vezes que tive oportunidade de voltar para o Rio, assim o fiz. E por isso não descobri São Paulo, uma cidade excitante, da maneira como gostaria. Isso fico devendo para 2012.

O avião virou mais uma moradia minha, além de Copacabana, Nilópolis e São Paulo. Nunca fiquei tanto tempo em um enlatado pressurizado. Nunca senti tanto meu ouvido fechar e nunca frequentei tanto os aeroportos que alías, posso também considerar como mais um lar. Minha mãe diz que eu pego avião como quem pega condução e posso dizer que ela está certa. rs

Meu trabalho me proporcionou neste ano viagens maravilhosas a lugares que nunca imaginei visitar. Abri meu coração para novas culturas brasileiras, novos sabores e novos sotaques. Digo agora que simplesmente adoro minha profissão - me descobri um apaixonado por aviões. É bom demais voar.

Escrevi bastante sobre minha rotina aqui no blog e fiquei muito feliz com cada comentário que li aqui. Comentários estes vindos de pessoas sonhadoras e objetivas como eu. Agradeço a cada uma das pessoas que me acompanharam aqui este ano. Tenham certeza que continuarei escrevendo e espero poder continuar estimulando todos. Desejo que todos possam voar e que possamos nos cruzar muito pelos aeroportos do mundo!

Eu quero muito que 2012 seja mais um ano de grandes mudanças positivas. E o que consegui de incrível em 2011 se mantenha.

Com muita sinceridade e verdade, eu desejo à minha família e aos meus amigos um ano incrivelmente maravilhoso! Desejo um ano feliz e saudável para todos!!!

sábado, 24 de dezembro de 2011

NATAL


Na madrugada de 23 para 24 de dezembro eu faria a seguinte chave de voo: Congonhas - Ribeirão Preto - Porto Seguro - Ribeirão Preto. Como não haveria mais regulamentação para nós voltarmos para São Paulo, nos colocaram de repouso em Ribeirão. E por fim voltaríamos às 21 horas para Congonhas de extras remunerados (não tripularíamos o voo). Isso queria dizer que eu chegaria por volta de 22 horas e não teria como voltar para o Rio de Janeiro - passaria a noite de Natal sozinho em SP.

A única saída era, assim que pousar em Ribeirão Preto, ligar para a escala e pedir para ser liberado antes. Ou seja, não ter que voltar no voo das 21 horas. Eu estaria de folga dia 25, o que facilitava ainda mais a minha situação.

Para a minha sorte, quase toda a tripulação estava na mesma situação. E o próprio comandante entrou em contato com a escala pedindo liberação em nome da tripulação. Isso foi ainda em Ribeirão, após fecharmos a primeira perna.

Oba! Eles liberaram! Agora é só correr para agitar a impressão do cartão de embarque de volta para Congonhas! Pousaríamos em Ribeirão, vindos de Porto Seguro, às 05:40. O voo para Congonhas era às 06:30. O horário parecia apertado mas tudo era tão perfeito e tão bem encaixado que a mesma aeronave que eu estava trazendo de Porto Seguro, faria o voo para São Paulo. Ou seja, eu nem precisaria sair do avião! Lindo demais!

E foi isso que aconteceu! Ficamos na aeronave, e esperamos a tripulação do voo para Sampa chegar. Pousaríamos em Congonhas por volta de 07:10. Eu sabia que havia um voo para o Santos Dumont às 07:30. Nada poderia dar errado. A aeronave pousou no horario previsto. Desci, peguei minha mala e já quase sem esperanças saí correndo para tentar pegar o voo para o Rio. Haveria outro voo às 08:00 - mas eu queria o das 07:30, eu queria chegar em casa o quanto antes, tinha que ser naquele.

E no amanhecer abafado da capital paulista lá estava eu, correndo com porta casaco, mala, e uniforme pesado e suado atrás do voo que me levaria para passar a noite de natal em casa. Cheguei na porta do avião esbaforido. Consegui!

Pousei numa manha espetacular no Rio de Janeiro - os pousos no Santos Dumont são sempre especiais. Agora estou na casa da minha familia, casa cheia, mesa começando a ficar farta e eu feliz da vida!

As vezes acho que nem mereço que as coisas dêem tão certo para mim. Tenho colegas de trabalho passando natal em Macapá, Porto Velho, Teresina ou qualquer outro lugar longe da família. Ou até mesmo virando a noite dentro de um avião. Isso poderia acontecer comigo também e eu teria que entender. São os ossos da nossa profissão. Por isso nesta noite de natal agradeço a Deus por ter deixado meu dia em uma sintonia perfeita.

Feliz Natal aos meus amigos do blog! Desejo uma noite especial e maravilhosa para todos!!!

Vamos voar meus caros! Vamos voar!!!!!!!


INSIGHT INFORMATIVO

Na minha empresa, a partir de certa data do ano podemos solicitar folga para Natal ou Ano Novo. A escala diz fazer o possível para atender a todas as solicitações e que dará preferência para os mais antigos, é claro. Mas no fim das contas acontece de tudo: Comissário novinho ganhando Natal e Ano Novo, comissária antiga passando natal voando, comissários voando natal e Ano Novo. Então é praticamente uma questão de sorte.

Se por um acaso o tripulante estiver voando na madrugada de 24 para 25 de dezembro ou exatamente na virada do ano, a empresa concede uma passagem de graça para o familiar deste triuplante. Somente para aqueles que já estiverem cadastrados no sistema de concessão de passagens. É uma forma de você ao menos ter alguém que te ama a bordo com você.

Alguns comissários passam Natal ou Ano Novo em cidades longe de casa, e ficam bem tristes por isso. Outros formam uma tripulação bem unida e fazem daquele pernoite uma divertida celebração. Outros mais desapegados se trancam no quarto. Outros apenas descem no restaurante do hotel para jantar. O legal é você tentar fazer daquele momento especial de alguma forma. A maioria consegue.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

AFA


A rede de fofocas existe em todas as empresas de que se tem conhecimento. Na maioria dos lugares ela é chamada de Rádio Peão. Não se sabe exatamente como ela surgiu. Mas tenho a impressão que existe desde que mundo é mundo. Ou seria desde empresa é empresa?

Enfim, origens a parte, no mundo da aviação não seria diferente. Eu trabalhei em apenas duas empresas antes de entrar para essa vida. E é claro que a rádio peão corria solta. Mas tenho a sensação de que nada se compara a mega complexa rede de fofocas do mundo da aviação. Aqui chamamos ela de AFA - Associação dos Fofoqueiros da Aviação.

Ainda no meu curso de comissário, já havia ouvido falar da AFA. Desde os primórdios da VARIG ela já estava lá firme e forte. Ninguém consegue saber ao certo quando a AFA começa, da onde ela vem ou quem começa a contar a primeira. Mas todos sabem que o poder de disseminação é devastador, para o bem ou para mal. E todos já podem imaginar que é mais para o mal, é claro. Não se tem muitas notícias de fofocas do bem.

Fico impressionado como as AFAs se espalham rapidamente. A minha surpresa vem do fato de sermos em torno de 7 mil na empresa e trabalharmos sempre com pessoas que não conhecemos muito bem. Ou seja, é muita gente e muitos desconhecidos. Como pode? rs

Me desculpem as meninas que estarão lendo este texto agora mas a grande maioria de mulheres na profissão só torna a AFA ainda mais colossal. rs E tenho certeza que todas concordarão comigo. As mulheres tem tendência a gostar de falar da vida das outras com mais frequência do que nós, homens.

Durante o voo, você sempre ouvirá comentários do tipo:

- Você sabe quem caiu na AFA? Fulano.
- Vocês estão sabendo o que ciclano fez durante o voo?
- Você não acredita no que eu ouvi de uma comissária no meu último voo.
- Sabe qual turma já está na AFA?
- Hum, também já ouvi esta história.
- Já ouvi falar desta AFA, conta mais.

E por aí vai....E as AFAs iniciam um processo de contágio em todos os voos. E de repente, não mais que de repente, como diz Vinicius de Moraes, todo mundo fica sabendo de tudo o que acontece nos voos. É chocante a rapidez.

É imprescindível ter cuidado com tudo o que você fará ou falará durante os voos. Desde o inicio deste blog eu digo que discrição é fundamental. E durante o voo este conselho só se faz confirmar. Tudo o que você faz pode se voltar contra você em uma AFA.

E quando a AFA começa a se alastrar, ela pode vir com detalhes sórdidos ou apenas pontos vagos. Algumas por exemplo vem com nome, sobrenome e voo. Outras apenas do fulano da turma tal. Mas como a AFA se espalha veloz, muitas vezes acaba se tornando um telefone sem fio. E nós sabemos que quando brincávamos de telefone sem fio, o comentário chegava na outra ponta completamente distorcido.

Não vejo o fim da AFA no futuro. Ela sempre irá nos atormentar ou mesmo nos divertir durante os voos. É uma característica entranha do nosso meio.

Para fugir de uma AFA, apenas seja discreto. Para ajudar a reter uma AFA, apenas jogue uma pedra no que você ouviu e não passe para frente - mesmo sendo quase impossível. rs Você vai querer contar para seu amigo, que também tem um amigo que vai contar para outro amigo....e tá feita mais uma corrente da rede.

domingo, 13 de novembro de 2011

PERCEPÇÕES DE VOO - RELACIONAMENTOS



A pergunta que nunca se cala: É possível namorar enquanto se voa?

Quando eu entrei na aviação pensava que encontraria um mar de solteiros. Como era possível manter um relacionamento praticamente a distancia? Era como namorar artistas de circo itinerantes.

Desde o meu primeiro voo, tenho conversado muito sobre isso com colegas de trabalho. Não tenho muita experiência neste quesito. rs Mas posso contar um pouco sobre as conclusões que eu tirei a partir das minhas percepções.

Nem quando eu trabalhei em hotelaria eu vi tanta gente casada e em relacionamento sério como na aviação. É muita gente casada, com filhos e namorando sério. É fácil então chegar a conclusão de que é possível sim. Posso desmembrar mais essa conclusão....

Das pessoas casadas pude ouvir sobre como adaptar uma relação neste mundo louco da aviação. Elas buscam todas as maneiras possíveis para ver seus cônjuges. Se utilizam de folgas e escalas dirigidas. Quando os dois são da aviação, procuram solicitar folgas casadas. Para os maridos é muito mais difícil entender a vida de uma comissária. É sempre muito pior para quem fica em casa esperando. Mas quando tem amor, esse obstáculo é derrubado facilmente. Vejo muita troca entre os casados. Um ajudando o outro a cuidar da casa. Um ajudando o outro a cozinhar. Acho que é assim que tem que ser.

E quando se tem filhos? Aconselho ir no blog da Lúcia ( http://noarr.blogspot.com/) . Ela foi comissária da VARIG, é instrutora, psicóloga e foi minha professora da escola de aviação. Ela é uma enciclopédia viva do mundo da aviação. Ela escreveu um texto incrível sobre como criar filhos neste mundo.

De quem namora, ouço muitas histórias de desentendimentos e discussões. Principalmente vindas da parte de quem fica em casa. É realmente complicado saber que a namorada estará viajando por aí e que ela ficará rodeada de pilotos tentando cortejá-las. Sim! Muitos pilotos se "engraçam" para as comissárias! É mais comum do que se pensa. Normalmente as comprometidas nem ligam e fingem que não vêem. Outras acabam cedendo - acontece. Como também é difícil para as mulheres saberem que seus namorados estão cercados de comissárias lindas e solteiras. E para os homens que namoram homens é tão complicado quanto - afinal de contas muitos comissários são gays.
Chego mais uma vez ao clichê dos relacionamentos: Quando se tem confiança é possível. Namoros firmes existem mesmo quando eles acontecem no centro do olho do furacão - vulgo aviação.

Percebi que a busca por relacionamentos maduros e estáveis é a maior busca dos tripulantes. Talvez seja para tentar, ao menos em uma parte, ter uma vida de uma pessoa normal. rs

Creio que como em qualquer relacionamento, não pode faltar respeito e confiança. Vejo muitos tripulantes em relacionamentos super estáveis. Casais comprando apartamentos, montando festas de noivado, ou então famílias lindas e fortes. É bom de ver. É bom saber que é possível.

Entretanto não posso dizer que o mundo da aviação é puro e casto. É claro que muita coisa acontece por trás dos panos, atrás das coxias e nos quartos dos hotéis espalhados por esse mundão. Mas aí eu dou uma de macaco cego, surdo e mudo. Não vejo nada e nunca sei de nada. Evito iniciar e entrar em AFAS.

Próximo post: AFA (Associação dos Fofoqueiros da Aviação)

sábado, 5 de novembro de 2011

ESCALA DIRIGIDA


A base da minha empresa fica em São Paulo. Logo todos os meus vôos se iniciam e terminam lá. E por isso também tenho um canto para ficar na terra da garoa - um canto onde deixo minhas coisas, onde cumpro sobreavisos, me preparo para vôos de madrugada e durmo quando chego muito tarde .

Como é de conhecimento da maioria, muitos comissários não são originalmente de Sampa. E todos nós de fora, ou pelo menos a maioria, fazemos de tudo para sempre voltar para a cidade natal. Buscamos algumas opções que a empresa nos fornece. Uma delas, e que já escrevi sobre, é o passe. Com eles nós voltamos para casa nas nossas folgas e curtimos um pouco as origens.

Outra solução para conseguir voltar mais para casa é a escala dirigida. Podemos assinar um termo de solicitação para que, sempre que possível, tenhamos pernoites nas nossas cidades - se a empresa voar para este destino, é claro. Neste termo de solicitação também abrimos mão de utilizar o hotel que a empresa disponibiliza - porque fica entendido que estou indo para a minha casa; logo não preciso de acomodação.

A minha escala dirigida para o Rio de Janeiro tem funcionado. Tenho conseguido bons vôos. Afinal de contas o Aeroporto do Galeão é o principal Hub da minha empresa, juntamente com o aeroporto de Brasilia. (Ou seja, do Galeao saem vôos para todo o país)

Para mim, ter escala dirigida para o Rio é poder marcar consultas dentárias e médicas com mais facilidade, é poder dormir mais vezes na minha cama, ver mais meus amigos e família, arrumar a casa que sempre fica bagunçada e também resolver pendengas da vida adulta. Como a aviação é uma eterna metamorfose que sofre interferências de muitos meios, nem sempre as coisas acontecem como eu espero. Acontece de o vôo mudar interinho e eu acabo perdendo alguns pernoites em casa - aí tem que preparar o telefone para desmarcar os compromissos. Mas isso não há como mudar - a vida do comissário é cheia de surpresas, sejam elas bem vindas ou não.

Pensando de uma forma mais lírica, ter este tipo de escala me proporciona uma sensação única: a de ter uma vida parecida com as das pessoas normais - daquelas que saem do trabalho e vão para casa. É bom poder conciliar a loucura dos deslocamentos e hotéis espalhados pelo Brasil com a normalidade de dormir em casa depois de um dia típico de trabalho. rs

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