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segunda-feira, 30 de maio de 2011

DIA DO COMISSÁRIO?



Hoje comemora-se o dia do Comissário de Vôo. Acho bacana termos um dia só nosso para celebrar. Quer dizer, não só nosso mas do Pescador e do Espírito Santo também que, juntos conosco, comemoram esta data.

Eu particularmente não me ligo muito nisso. Quem disse que seria dia 31 de maio nosso dia e por quais razões? Eu sinceramente não sei. Prefiro acreditar que o "dia do comissário" acontece do dia 01 de janeiro a 31 de dezembro. Aí no caso seriam "Os Dias dos Comissários" (Melhor assim!)

Não sei quanto ao médico, publicitário, advogado ou secretária - mas sei que posso comemorar todos os dias o meu ofício. Gosto da idéia de celebrar cada vez que ponho meus pés no solo novamente depois de um vôo seguro e tranqüilo. Aprecio a idéia de comemorar cada vez que atravesso os aeroportos do país sob olhares de admiração das pessoas (Nem sempre! rs).

Também curto pensar que é meu cada dia que consigo "dobrar" um cliente difícil e fazê-lo satisfeito. Sinto como meu aquele dia que pensava que não agüentaria de tanto cansaço e dor no corpo mas que por fim deu tudo certo. Vejo como meu os dias que tenho que ultrapassar meus próprios limites e atravessar as dificuldades que, como toda outra, a minha profissão me traz. Também marco como meu cada dia que nossa regulamentação é respeitada e nossos direitos são reconhecidos.


Defendo a idéia de que nosso dia é celebrado no nosso cotidiano. Não acho que seja necessário haver datas para comemorar o que somos - a não ser que seja um feriado que nos dê algum tipo de benefício trabalhista, é claro. :)))

Comemoremos então, amigos comissários, TODOS OS DIAS!

Próximo Post: Nem tudo são flores!

terça-feira, 24 de maio de 2011

O VÔO E SUAS HISTÓRIAS


Acho que nunca privei minha imaginação de viajar longe. Às vezes gosto de criar histórias em minha cabeça e fico entretido com o que ela produz.

Nos vôos mais curtos fica difícil observar minuciosamente os passageiros. É tudo tão rápido que basta um espirro e você já fechou uma ponte aérea. Entretanto, nos vôos mais longos gosto de prestar bastante atenção nas pessoas que estão a bordo.

Gosto de imaginar possíveis histórias que justifiquem as viagens de cada uma daquelas pessoas que estão ali, sob meu olhar. Se possível, consigo extrair histórias reais. Se não, viajo em possibilidades.

Gosto de observar aqueles que viajam de avião pela primeira vez. Imagino em quantas parcelas aquela passagem foi dividida e como aquele momento é importante para aquele passageiro. Gosto de pensar na emoção e medo que eles sentem quando o motor dá força máxima para subir. Gosto de pensar na emoção que será quando essa pessoa chegar em São Paulo e encontrar familiares que não vêem há muito tempo ou se encher de expectativas para uma vida nova.

Observo as crianças que viajam desacompanhadas. Pais separados e em cidades diferentes. Como deve ser para elas? Porque será que os pais dela se separaram? Algumas me parecem a vontade e experientes na arte de viajar sozinhas. Outras me passam a sensação de medo e desconfiança. Nunca imaginei viajar sozinho quando era criança. Imagino o pai aflito no desembarque do aeroporto esperando o filho ou filha. Há quanto tempo que eles não se vêem? E se ele tiver outra família? Às vezes as crianças não me parecem muito felizes.

Vejo os executivos. Aquelas expressões de cansaço me deixa exausto. Sempre com os laptops e/ou blackberrys a postos. Imagino que tenha sido um dia de intermináveis reuniões e que eles não vêem a hora de chegar em casa, ver a família e tomar um banho quente. Tento ver pelas suas reações se o dia foi produtivo ou não. Gosto de pensar no quanto alguns estudaram para estarem ali. Mesmo que cansados, satisfeitos.

Ao transportar pacientes, gosto de imaginar a esperança de cura dentro daquela pessoa. Ela está indo a caminho de algum hospital realizar um tratamento ou de repente atrás de um doador. O mais interessante é que dos poucos que transportei, nenhum me passou sofrimento. Muito pelo contrário, eles me passaram confiança e amor.

Nos vôos de conexão internacional vejo aquelas famílias que vieram dos Estados Unidos cheias de sacolas da dutty free. Gosto de pensar nos presentes dentro daqueles sacos. Para onde estes presentes irão? Para as mãos de quem? Será que a pessoa vai gostar? Gosto de imaginar as astronômicas faturas de cartão de crédito que esses passageiros terão que pagar.

Vejo as expressões de passageiros que por algum motivo estavam há horas esperando no aeroporto. Observo o alívio de finalmente estarem indo para casa. Tento imaginar o que fez aquela pessoa esperar e há quantos dias ela não vai para casa.

É fácil também perceber casais em lua de mel. As alianças brilhando, a roupa novinha comprada especialmente para a viagem, aquela paixão de início, a felicidade de uma nova vida. Gosto de pensar no destino, no hotel que ficarão e nas fotos que eles vão tirar.

Ao transportar famosos, imagino que aquela deve ser a centésima viagem do ano. Isso explica a vontade de ficar no cantinho, descansando e sem ser percebido. É um momento de intimidade, mesmo fora de casa. Ali eles são como todos os outros. Aliás, eles são como todos os outros. Mas dentro do avião, para mim, isso se passa mais real do que nunca.

Gosto de pensar em cada membro da tripulação e como o caminho de cada um foi traçado até chegar ali. Gosto de pensar no que aqueles colegas de trabalho deixaram para trás para estarem ali. Imagino quais são as pessoas que dependem daquele tripulante e quais são seus planos para o futuro.

Gosto de me imaginar dentro da aeronave observando essas pessoas, fotografando momentos, ouvindo histórias, criando leques de possibilidades e viajando em cotidianos diversos. Tenho gostado muito do que faço. Estar no meio do caminho de todas essas pessoas me faz sentir bem...talvez até mais...faz sentir-me, mesmo que por poucas horas, essencial.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

BICHO SOLTO E DESPRENDIDO.


Sempre me senti um cidadão do mundo. Sempre pronto a explorar lugares, conhecer pessoas e vivenciar experiências. Me sinto e sou definitivamente um bicho solto. rs Essa minha característica tem me ajudado muito no dia a dia da minha profissão. O fato de ter que se deslocar para vários lugares do país, dormir em várias camas diferentes, ver pessoas sempre diferentes das que eu vi antes não me impactou. Muito pelo contrário! Só ratificou esta parte da minha personalidade.

Quando eu chego em uma cidade, tenho vontade de explorá-la. Ou até mesmo vontade de ficar hibernado no hotel. Considera-se também o fato de a tripulação estar disposta ou não a fazer algo naquela cidade - até porque nem sempre é bom andar sozinho por aí. Mas e eu? Bicho solto do jeito que sou acabo fazendo as coisas sozinho quando o grupo não quer. Onde quero chegar: Para ser comissário é vital você ter uma certa individualidade e desprendimento com o mundo. Essas duas vias caminham juntas.

Existem os momentos em que teremos que ficar sozinhos no quarto do hotel porque está chovendo , por exemplo. Terão vezes que ninguém irá na feirinha com você. Haverão vezes que você se sentirá sozinho e provavelmente sentirá falta de casa. Mas se você souber trabalhar a sua individualidade, conseguirá tirar proveito do seu dia. Você fará coisas que, se estivesse em grupo,não conseguiria realizar.

Agora, por exemplo, estou de repouso em São Luís. O tempo está ruim e a tripulação está nos seus respectivos quartos. Aproveito este tempo sozinho para ler, escrever, pagar contas, conversar com quem ficou e arrumar a mala. Antes de entrar na empresa, fiquei parado alguns meses, e este tempo me fez ficar totalmente dependente das pessoas, sentimentalmente falando. Não conseguia ficar sozinho - tinha perdido um pouco minha individualidade. Agora que voltei a ativa, todo esse meu "desgarramento" com o mundo voltou. Tiro prazer dos meus momentos sozinho e curto eu mesmo da melhor maneira possível.

Se quero dar uma volta, correr na esteira ou comer alguma coisa, sempre participo às pessoas. Mas se eles têm outros planos individuais, não deixarei de fazer o que tinha planejado. Às vezes isso acontece, e é bastante normal.

É até legal também você virar craque em hotéis. Saber apreciar uma boa cama, um bom chuveiro, aquele lençol lá de Manaus que é maravilhosamente macio....rsrs Quando o quarto é bom e a vista melhor ainda, o prazer de ficar sozinho é ainda maior! :) Quando tiro proveito dos pernoites ou dos poucos inativos que tenho, falta até hora para fazer tudo que tinha planejado. Muitas vezes, saio com a tripulação e os planos individuais caem por terra - mas isso também é maravilhoso!

De forma geral, o que mais gosto numa viagem e que sempre me fascinou é o "voltar para casa". Eu volto com um olhar diferente da minha cidade. Enxergo características maravilhosas nela, que nunca tinha percebido. Como também adquiro um olhar mais crítico das mazelas dela.
Como comissário, esse "voltar para casa" se repete freneticamente e mesmo sendo assim tão solto no mundo, fico cada vez mais apaixonado pela minha cidade. Acho deliciosa a sensação de voltar para casa. Para sentir isso tenho que viajar e minha profissão tem me proporcionado este prazer pelo menos uma vez por semana! Que incrível! Isso traz um espírito de liberdade enorme dentro de mim!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O REAL VALOR DAS PALAVRAS.


Nós, comissários, pelo o que tenho observado no cotidiano da profissão, lidamos com clientes de diferentes níveis sociais, de todos os cantos do mundo, de religiões e crenças totalmente diversas - e isso todo mundo sabe. Mas deixemos os clientes para depois. Olhemos para dentro, para a categoria. Para ser comissário é fundamental saber o valor da palavra DIVERSIDADE.

Nós trabalhamos num grupo de pessoas com as seguintes diferenças: cor, religião, orientação sexual, comportamento, cultura, objetivos, formação familiar e escolar. Todos juntos e misturados trabalhando na mesma empresa, na mesma função. Por isso que, num processo seletivo se valoriza tanto saber trabalhar em equipe. Saber conviver e trabalhar com pessoas tão diferentes de você é um grande desafio. Bem, ser desprendido de qualquer tipo de preconceito é o primeiro passo.

Quando se viaja muito, abre-se um horizonte sem igual na sua frente. Você começa a enxergar o mundo de uma forma diferente e aprende a verdadeira essência de outra importante palavra: TOLERÂNCIA. E o comissário deve tirar proveito de todas as viagens para dar um valor real a esta palavra.

Durante o vôo, é natural que cada um tenha a sua maneira de trabalhar e tenha concepções às vezes opostas às de outros comissários. Para manter a harmonia em vôo o comissário descobre a importância de outra palavra: RESPEITO.

Um vôo onde todos aceitam as diversidades dos outros, onde todos são tolerantes (na medida certa) com os atos dos outros e onde impere o respeito mútuo não tem como não ser bem sucedido. Assim sendo, o comissário descobre um grande achado: o valor da palavra EQUILÍBRIO. Um ambiente de trabalho equilibrado é saudável e só traz benefícios. Um vôo em equilíbrio reflete no atendimento ao passageiro e na forma como os dias de pernoites e/ou inativos serão: Perfeitos!

Nos vôos, o que mais acontece é um achar o outro "sem noção". Se você acha um colega de trabalho chato, deixa para lá! Se for algo que não comprometa o seu trabalho ou o bem estar do vôo, deixe que ele seja assim. Não fique falando mal dele para o outro na galley. rs Respeite-o. Se você acha que ele fala demais, deixe que entre por um ouvido e saia pelo outro - mas sem, claro, destratá-lo. Arranje algo que te ocupe e não o faça falar tanto.

Alguns se acham muito engraçados. Se você não gostou de alguma brincadeira, fale na boa. Ou então finja que não é com você. Pense no vôo, foque no serviço! Deixe ele falar! Ou melhor ainda, às vezes entrar na brincadeira é a forma mais rápida de sair dela! Pense nisso.

Se você acha que existem alguns que não gostam tanto assim de trabalhar, deixe-os assim. Enquanto você puder dar toques e dicas, tudo bem. Se a pessoa se fez de desentendida, faça o seu trabalho e ponto. Se for algo que você possa fazer a mais, adiante seu lado e faça. Mas também não vai deixar a pessoa totalmente acomodada.

Sobre assuntos diversos de galley, todo mundo deve respeitar a opinião do outro. É bom trocar informações e experiências. O importante é a troca!

Isso tudo eu tenho aprendido nos vôos que tenho feito. Lá em cima a gente aprende de forma muito mais rápida do que se trabalhássemos em terra. Nosso valores se enriquecem na velocidade de um AirBus....basta querer.

Sinto que esse tipo de assunto pode se desenvolver muito mais - mas a minha cabeça, que não para um segundo, às vezes bloqueia. É como se minha mente precisasse de mais acontecimentos, experiências e palavras para continuar a história - e assim, poder ser impressa aqui no blog. É uma viagem! :)

sábado, 7 de maio de 2011

VOAR EM POESIA


Esta poesia eu escrevi faz quase um ano. Era quando o desejo de voar estava distante da minha realidade profissional - era apenas algo que norteava a minha imaginação.

ASAS DA IMAGINAÇÃO

Eu queria poder ter asas.
Poder viajar quando quisesse.
Descobrir novos lugares.
Alcançar as distâncias mais longas.
Ir aos pontos mais inóspitos.
Descobrir o novo, sempre.

Estar no topo, nas alturas mais inacessíveis.
Saltar de colinas, montanhas e precipícios
sem me aproximar da morte.
Me sentir leve como uma folha de papel.
E nos momentos mais adversos, poder fuigr,
para o alto, para bem longe.

Vagar por entre os prédios da noite iluminada da cidade,
e observá-la distante.
Encontrar um lugar onde ninguém me encontre,
quando assim desejar.
Encontrar um lugar onde todos me admirem,
quando assim desejar.

Ter mais liberdade para escolher minhas rotas,
meu destino, meu próximo ponto de parada.
Ser inspiração, ser parte da paisagem.
Tornar-me invisível entre as árvores.
E delas obter o gosto mais doce da natureza.

Flutuar ao vento.
Sentir o ar mais puro em meu rosto.
Brincar com as nuvens.
Me aproximar do sol, da lua, das estrelas.
Chegar mais perto do meu sonho.
Chegar mais perto do céu.
Queria poder voar.

Filipe Eloy

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