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terça-feira, 28 de maio de 2013

EU SOU DA PONTE.

Rio de Janeiro e São Paulo são as duas maiores cidades do Brasil, duas grandes metrópoles de importância suma para a economia do país. Ou seja, muito dinheiro circula entre essas cidades. Logo, muitos negócios. Logo, muitos executivos. E para tornar possível essa circulação, as grandes companhias aéreas oferecem voos de 30 em 30 minutos, praticamente todos os dias da semana (sábados e domingos o fluxo fica menor, é claro) para todos esses homens e mulheres de negócios.

Ponte Aérea é outra história, é outra aviação! É diferente de todos os outros voos que giram este país. As passagens são as mais caras, o público, em grande parte masculino, busca pontualidade e eficiência. De segunda a sexta, é aquele fluxo diário de engravatados que fazem desta ponte imaginária uma mina de ouro.

Eu sou um adorador da ponte aérea! É o voo mais tranquilo e gostoso de fazer! É rápido, curto, bem como seus passageiros esperam. Eu sou da ponte. Gosto de trabalhar para passageiros que voam com frequência, para aqueles que sabem exatamente o que fazer quando entram no avião, para aqueles que usam o avião como um meio de transporte, não como restaurante. Gosto de voar para passageiros que me chamam pelo nome, ou com um "por favor" ou "com licença".

Por ser frequentada por muitos executivos, atores globais, políticos e afins, a ponte aérea é o voo mais visado da empresa. Você acaba sendo bastante observado. E isso realmente não me incomoda. Para alguns amigos da empresa fazer esse voo é um pesadelo, um martírio. Para mim é um prazer. É sempre bom pousar no Santos Dumont, fazer voos rápidos, pontuais e de pessoas educadas e na boa parte das vezes elegantes.

Mas não existe o voo perfeito. Em duas situações a ponte aérea pode ficar bem amarga. A primeira é: eles nunca desligam o celular! Verdade! Mesmo voando várias vezes por semana eles cismam em usar seus celulares e laptops quando já pedimos duas ou tres vezes para desligar. Eles nunca querem desligar. Eles têm uma enorme dependência em seus celulares. E ter que pedir para eles desligarem várias vezes pode irritar.

Segunda situação: Não bata muito de frente com os passageiros. Tente contornar a situação e achar uma forma de resolver o impasse sem que nenhum dos lados saia por baixo, nem você, nem ele. Os passageiros da ponte aérea conhecem todos os canais para reclamarem de você na direção. rsrs Então trabalhe como a empresa espera, faça o que está escrito e nunca bata de frente com eles.

O mais legal da ponte aérea é, na minha opinião, poder jogar um verniz no meu atendimento e ser reconhecido por isso. Eles percebem quando você trabalha bem. E essa percepção
faz sentir-me empolgado e com cada vez mais vontade de chegar a perfeição no atendimento. É possível e muito prazeroso.


sábado, 20 de abril de 2013

O COMISSÁRIO E O SMART PHONE

É obvio que quando trocamos de emprego buscamos uma melhor remuneração. Isso quer dizer que a maioria das pessoas que entram na aviação, e eu arrisco dizer todas, depois que começam a voar passam a receber bem mais do que recebia antes.

Onde quero chegar.....Bem, passamos a ter um padrão de vida mais elevado e certamente custos mais elevados também. Procuramos comprar coisas que tínhamos o desejo de comprar e que finalmente está dentro da nossa realidade. O mais engraçado é que por coincidência ou modismo mesmo todos os comissários acabam tendo o desejo de comprar as mesmas coisas.

Primeiramente, o que um comissário compra assim que começa a voar é, sem nenhuma dúvida, um smart phone. Ou melhor, um Iphone ou um Galaxy. A partir daí descobrimos que não conseguimos mais viver sem ele. Depois o consumo vai aumentando. Aí compramos um tablet. Tem os mais ousados que trocam de carro no primeiro ano de voo e dividem em muitas prestações. Tem até uma AFA (Associação dos Fofoqueiros da Aviação) que diz que o kit comissária é: Um iphone, um Citroen C3 e silicone. AFA ou não, fato é que centenas delas possuem os três. rs

Voltando ao assunto do smart phone, está aí algo que todos os comissários jamais abrem mão: um iphone e seu inseparável carregador! Descobrimos que ele é fundamental nas nossas vidas. É o que nos aproxima de casa, que nos entretém através dos jogos, que ajuda a pagar as contas, ouvir músicas e principalmente, que nos ajuda a livrarmos da inevitável solidão que é voar.

PS. Esquecer o carregador do iphone em casa é o fim! O comissário fica deprimido e inicia uma busca implacável atrás de alguém que tenha carregador igual! E é claro que sempre alguém tem. rs

Quando chego ao DO para me apresentar para voo, eu observo que mais de 90% dos tripulantes estão mexendo em seus telefones ou tablets. É algo tão comum quanto comer feijão com arroz. Quando estamos na sala de briefing, ficamos com ele escondido no bolso ou bolsa. Basta sair da sala para sacar o telefone de novo e começar e teclar, teclar e teclar - falando com a namorada, olhando o facebook ou mesmo jogando candy crush!

Ao chegarmos em alguma cidade, a primeira coisa que todos fazem é ligar o celular e ver mensagens e ligações. Muitas vezes, dentro da van rumo ao hotel, ninguém fala com ninguém, apenas interagem com seus celulares. Uma vez, em Macapá, fiquei extremamente irritado porque sentamos em seis numa mesa de restaurante e imediatamente percebi que ninguém falava com ninguém, todos com iphone na mão. Na hora brinquei e comecei a fingir que estava arrancando os iphones das mãos de todos e disse: Então! Vamos conversar?!
 

Mesmo sendo fundamental no nosso dia a dia, o smart phone é uma armadilha feroz rumo a uma vida de tripulante anti social. Se não nos cuidarmos, ficaremos isolados junto ao nosso telefone, e sem trocar ideia com absolutamente ninguém. Isso acaba nos tornando mais solitários ainda em casos extremos. Tanto que chamamos o celular de DAS (Dispositivo Anti Social).

É muito ruim perder o interesse em trocar figurinhas, informações e cultura com pessoas legais e tão diferentes como são os membros de uma tripulação. Claro, se a pessoa for mala o celular é crucial para fingir que está ocupado e fugir de um papo chato! rs

Enfim, meu iphone é meu oxigênio, preciso dele na minha vida. Mas até oxigênio em excesso é ruim, certo?

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

BRANCO TOTAL

Foram cinco meses.Cinco meses sem escrever uma palavra que fosse aqui no blog. Vários motivos causaram essa paralização. Posso enumerá-las agora: falta de tempo, falta de vontade, foco na vida pessoal, desilusão amorosa, falecimento de parente, férias, crise existencial profissional (será que quero voar pro resto da minha vida?) e principalmente BRANCO!

Normalmente as coisas acontecem na minha vida numa velocidade de deixar tonto. Muitas histórias que se passam e que, certamente dariam várias postagens aqui no blog. Porém, por mais que tanta coisa acontecesse, não sabia como escrever. O branco era total. Cheguei a colocar o blog na minha lista de tarefas - sentei em frente ao computador e nada saiu, nem uma linha sequer. Como pode isso? A mente cheia de informações mas o papel sempre ficando em branco?!

Resolvi me conformar com essa situação e aproveitei as férias para relaxar a cabeça e curtir esse branco mesmo. Decidi não enfrentá-lo, mas sim abraçá-lo como um amigo passageiro. Sabia que uma hora ele iria embora e tudo voltaria ao normal. Tá aí, algo que estou tentando fazer depois das férias: VOLTAR AO NORMAL. Não que eu queira voltar ao normal mas não há outra opção. Se sinto saudade de voar? Sim, sinto. Se vou sentir saudades das férias? MUITO MAIS! rsrsrs

Mas é hora de colocar o paletó novamente e voltar aos aeroportos e hotéis desse Brasil.

Algo que não me acostumei com a aviação é o fato de ninguém perceber que você entrou de férias ou voltou delas. Quando trabalhava no hotel, meu último dia antes das férias era comemorado na mesa de bar! Todos felizes mais ao mesmo tempo tristes por ficarem sem mim por um mês. Quando eu voltava era uma alegria! Meus colegas de trabalho sentiam minha falta e celebravam meu retorno. Até meus hóspedes mais queridos perguntavam por mim e brindavam minha volta.
Na aviação como não tem equipe fixa, ninguém lembra que você entrou de férias, nem mesmo que você existe. Quando você volta não tem ninguém para perguntar como foram seus dias de descanso. Os passageiros nem lembram da sua cara. É tudo muito mais frio. Disso eu sinto falta. E dá até um ar meio depressivo à minha volta. Estranho, né?

Mas o lado bom é que vou voltar aos meus pernoites legais - volto a Natal, Fortaleza, Porto Seguro....Aí nessas horas dá um frescor de férias de novo.

Enfim, a minha volta ao blog foi confusa. Escrevi muitas coisas emboladas mas dessa vez não quis me privar de escrever. Afinal de contas minha vida real está tão confusa quanto essas linhas que escrevi. Não deixo assim, de retratar a minha realidade, objetivo principal do blog!

Afff que confusão!

Proxima postagem volto com as idéias mais organizadas!

Desculpem a minha demora, pessoal!

Fonte Foto: http://espacocult.wordpress.com/2012/02/18/deu-branco/

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