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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A LUTA DOS EXTRAS!


A empresa onde trabalho possui base apenas em São Paulo. Por isso nós, comissários, devemos ter um endereço em Sampa pois todas as nossas viagens se iniciam e terminam lá. Entretanto todos nós viemos originalmente de vários estados do Brasil. Logo, possuímos vínculos familiares e fraternais nas nossas cidades natal.

A empresa nos dá como benefício o chamado "Passe" que nos possibilita viajar pelo Brasil sem nenhum custo, desde que haja assento disponível no avião, é claro. Com esses passes temos a oportunidade de visitar nossos familiares e voltar às nossas raízes para matar saudade do que deixamos para trás. E isso é maravilhoso!

É incrível saber que você vai folgar exatamente no dia do aniversário da sua mãe ou chegar a tempo de pegar um vôo para sua cidade e curtir o aniversário de seu afilhado. Amo São Paulo, mas minhas raízes e meu combustível emocional (família, amigos e lugares) estão no Rio de Janeiro. Os passes são ainda mais importantes para quem é casado e possui filhos. É bom voltar para casa e receber carinho de quem gosta de você, por mais bicho solto que você seja.

Como disse, só conseguimos embarcar quando existem assentos disponíveis no avião. Somos os "tripulantes extras não remunerados".
Mas...e quando tem mais tripulantes do que assentos? Como fazemos? No caso da minha empresa a hierarquia é fortíssima. Ou seja, Comandantes, Co-pilotos e depois comissários. Quando o assento é "disputado" apenas por comissários, a regra favorece os mais antigos. Justo, não?!

Mas dá dó, por exemplo, quando vejo uma comissária que trabalha há 6 anos na empresa ficando em solo porque um co-piloto que está na empresa há 2 meses passou sua frente e ficou com o assento. Isso já não seria tão justo assim, né? Mas Hierarquia é Hierarquia.

Quando somos em grande número o negócio todo complica. Comissários do Rio de Janeiro e Porto Alegre sofrem para voltar para casa. Somos em grande número na empresa. Os cariocas tem a vantagem de possuírem a ponte aérea - de 30 em 30 minutos temos voos. Mas os gaúchos enfrentam uma via cruzes para poder embarcar.

Depois que todos os passageiros embarcaram, nós entramos no portão, damos nosso cartão de embarque e praticamente formamos uma fila perto da porta do avião. Nos horários tranquilos nem precisamos fazer isso. Mas quando os voos lotam, fica aquela fila de tripulantes rezando para ter assento. Quando o cms é de uma turma nova, ele fica já sem esperanças quando a fila está grande.

E quando você acha que vai embarcar e, aos 45 do segundo tempo, chega uma comissária da turma 60 e passa a sua frente - pode dar adeus àquele voo. rs Ou o co-piloto que chega quando você está praticamente entrando na aeronave...pode dar meia volta e esperar o próximo.

Para fugir destas filas e desta angústia de não saber se vai conseguir embarcar ou não, buscamos os horários alternativos. Aqueles horários de voos mais tranquilos. Normalmente quando se é mais novo, esta é a opção mais segura! O número de comissários aumentou muito neste último ano - mas o número de voos praticamente nao mudou. Então devemos nos precaver para não correr riscos.

Digo isso depois do "drama" que passei no dia 30 de dezembro de 2010, quando ainda era um comissario de fraldas e estava com o meu primeiro passe na mão. É claro que a data era totalmente não favorecida ao nosso lado. Todos os voos lotados e eu fiquei 9 horas no aeroporto tentando embarcar. Só consegui na última ponte. Os comissários não paravam de chegar e eu, como era da última turma, sempre ficava para trás. Uma luta que me fez pensar duas vezes antes de tentar embarcar em horários e datas de grande movimento.

Na maioria das vezes voltamos para São Paulo um dia antes de nosso voo, ainda durante nossa folga, com medo de não conseguir embarcar no dia seguinte. Alguns comissários já faltaram em voo porque o aeroporto de sua cidade fechou ou porque não conseguiu embarcar por não ter assento disponível - isso foi o que ouvi falar.

Pois é, essa nossa luta para voltar para casa e para voltar para base vai sempre acontecer. No meu caso, até a empresa criar a Base Rio, que está saindo do forno. Hummm
Mas por enquanto só para os tripulantes da Internacional. :( Mas eu ainda vou chegar de voo e dizer: Estou indo para casa.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O PASSAGEIRO PERFEITO - DICAS DE ETIQUETA A BORDO


Supomos que eu seja o passageiro ideal:

Chego na porta do avião e recebo um sorriso seguido de um "Bom Dia". Eu vou olhar para o comissário e devolver o Bom Dia. Isso é de praxe!

Vou procurar o meu assento e se tiver alguma dificuldade pedirei "por favor" para que algum comissário me auxilie.

Ouvirei quando o comissário disser no interfone para eu acomodar a minha bagagem no compartimento acima ou embaixo da poltrona a minha frente. Assim como desligarei meu telefone e ipod quando a comissária anunciar que devo desligá-los.

Na hora em que o comissário me oferecer balas, eu pegarei uma, talvez duas balas e não 10, 20, 30.

Durante o vôo de cruzeiro, se eu quiser pedir algo ao comissário que estiver passando pelo corredor, eu acenderei a chamada de comissário, chamarei pelo nome que estiver no crachá ou simplesmente soltarei um "por favor", um "por gentileza". Nunca, jamais e em hipótese alguma cutucarei o cotovelo do comissário, soltarei em alto som um "psiu", assobiarei ou chutarei o comissário.

Na hora do serviço de bordo, já teria ouvido através do sistema de som as opções de bebidas e não ficarei minutos pensando o que vou beber.

Tudo no avião está sinalizado e ilustrado. Por isso, quando for ao banheiro eu lerei em frente a mim, ou seja, debaixo do meu nariz, a frase: EMPURRE. E não ficarei procurando alguma maçaneta ou buscando formas mais complexas de abrir a porta. Jamais arrancarei a porta tentando abri-la.

Ainda no toalete, lerei ao lado da pia a palavra: LIXEIRA. Logo ali será o lugar onde colocarei meus papeis, e não no chão ou dentro do vaso. Afinal de contas, bem ao lado do vaso há outra frase: NÃO JOGUE PAPEL DENTRO DO VASO.

Se a comissária anunciar que estamos atravessando uma área de turbulência, jamais levantarei.

Se eu passo mal e utilizo o saco de enjoo, eu mesmo levarei o saco ao toalete e não chamarei a comissária para pedir para ela pegar o meu vômito.

Se eu for dormir e usar a fileira de 3 assentos, não colocarei meus pés para fora, no corredor. Até porque vai atrapalhar a passagem das pessoas.

Ao pousar, ficarei sentado até a parada total da aeronave, como o comissário anuncia. Não levantarei com pressa já querendo abrir o bin para pegar minha mala. Afinal de contas, até a porta abrir vai demorar mesmo...não tem porque eu ficar em pé.

Ao ir embora, feliz por um vôo seguro, devolverei o "obrigado" da comissária e irei para minha casa, ou trabalho, ou viagem de ferias....

Se todos fossem assim, deixaríamos de passar por várias situações. E talvez tivéssemos menos histórias para contar.

Próximo Post: A ETERNA TENSÃO DOS EXTRAS

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

PILOTO AUTOMÁTICO


Fiquei um tempo sem escrever. Não por falta de vontade. Mas por falta de lacunas nos dias que se passaram. Quando tive tempo livre, me entreguei ao ócio ou à tentativa de ter uma vida social normal com meus amigos e família.

Tenho percebido que quando a escala está bem apertada, ou seja, seis dias de voo para um de folga, fico meio que ligado no piloto automático. Me entrego em uma louca rotina de voos, hotéis, ócios e aeroportos. Às vezes nem dá para saber muito bem onde estou ou para onde estou indo. No início, procurava saber exatamente para onde ia ou em qual hotel ficaria. Mas de repente só penso na cama que vou descansar e em qual horário vou ter que acordar. Parei de me perguntar com frequência para qual destino estou voando.

Não acho isso ruim. Apenas estou me concentrando em outras coisas. É bom às vezes não deixar a cabeça pesada com muitas perguntas, muitos questionamentos. O piloto automático é exatamente para isso, certo? Segundo definição o piloto automático permite uma navegação mais precisa e econômica. E às vezes, não há nada melhor do que manter a mente leve e economicamente saudável! rs

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