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sábado, 20 de abril de 2013

O COMISSÁRIO E O SMART PHONE

É obvio que quando trocamos de emprego buscamos uma melhor remuneração. Isso quer dizer que a maioria das pessoas que entram na aviação, e eu arrisco dizer todas, depois que começam a voar passam a receber bem mais do que recebia antes.

Onde quero chegar.....Bem, passamos a ter um padrão de vida mais elevado e certamente custos mais elevados também. Procuramos comprar coisas que tínhamos o desejo de comprar e que finalmente está dentro da nossa realidade. O mais engraçado é que por coincidência ou modismo mesmo todos os comissários acabam tendo o desejo de comprar as mesmas coisas.

Primeiramente, o que um comissário compra assim que começa a voar é, sem nenhuma dúvida, um smart phone. Ou melhor, um Iphone ou um Galaxy. A partir daí descobrimos que não conseguimos mais viver sem ele. Depois o consumo vai aumentando. Aí compramos um tablet. Tem os mais ousados que trocam de carro no primeiro ano de voo e dividem em muitas prestações. Tem até uma AFA (Associação dos Fofoqueiros da Aviação) que diz que o kit comissária é: Um iphone, um Citroen C3 e silicone. AFA ou não, fato é que centenas delas possuem os três. rs

Voltando ao assunto do smart phone, está aí algo que todos os comissários jamais abrem mão: um iphone e seu inseparável carregador! Descobrimos que ele é fundamental nas nossas vidas. É o que nos aproxima de casa, que nos entretém através dos jogos, que ajuda a pagar as contas, ouvir músicas e principalmente, que nos ajuda a livrarmos da inevitável solidão que é voar.

PS. Esquecer o carregador do iphone em casa é o fim! O comissário fica deprimido e inicia uma busca implacável atrás de alguém que tenha carregador igual! E é claro que sempre alguém tem. rs

Quando chego ao DO para me apresentar para voo, eu observo que mais de 90% dos tripulantes estão mexendo em seus telefones ou tablets. É algo tão comum quanto comer feijão com arroz. Quando estamos na sala de briefing, ficamos com ele escondido no bolso ou bolsa. Basta sair da sala para sacar o telefone de novo e começar e teclar, teclar e teclar - falando com a namorada, olhando o facebook ou mesmo jogando candy crush!

Ao chegarmos em alguma cidade, a primeira coisa que todos fazem é ligar o celular e ver mensagens e ligações. Muitas vezes, dentro da van rumo ao hotel, ninguém fala com ninguém, apenas interagem com seus celulares. Uma vez, em Macapá, fiquei extremamente irritado porque sentamos em seis numa mesa de restaurante e imediatamente percebi que ninguém falava com ninguém, todos com iphone na mão. Na hora brinquei e comecei a fingir que estava arrancando os iphones das mãos de todos e disse: Então! Vamos conversar?!
 

Mesmo sendo fundamental no nosso dia a dia, o smart phone é uma armadilha feroz rumo a uma vida de tripulante anti social. Se não nos cuidarmos, ficaremos isolados junto ao nosso telefone, e sem trocar ideia com absolutamente ninguém. Isso acaba nos tornando mais solitários ainda em casos extremos. Tanto que chamamos o celular de DAS (Dispositivo Anti Social).

É muito ruim perder o interesse em trocar figurinhas, informações e cultura com pessoas legais e tão diferentes como são os membros de uma tripulação. Claro, se a pessoa for mala o celular é crucial para fingir que está ocupado e fugir de um papo chato! rs

Enfim, meu iphone é meu oxigênio, preciso dele na minha vida. Mas até oxigênio em excesso é ruim, certo?

7 comentários:

  1. Oi Filipe! Nossa, me causou uma certa tristeza ao saber do apego dos tripulantes ao smartphone! É verdade que ele nos ajuda a ficar mais próximos da nossa casa e dos entes queridos, mas ao mesmo tempo ele afasta quem está perto.
    No meu tempo (apesar de detestar essa expressão), que nem faz tanto tempo assim, a gente não tinha essa facilidade. O máximo era um notebook, um celular com roaming que custava caríssimo e olhe lá!
    A vantagem é que a gente se desconectava da nossa vida real e éramos obrigados a interagir com os colegas, e essas relações interpessoais na maioria das vezes eram muito gratificantes.
    Outra coisa que eu tenho ÓDIO MORTAL é do passageiro que não desliga o aparelho quando os comissários solicitam. Eu acho que pessoas com esse grau de dependência deveriam procurar um médico.
    Por isso que meu humilde celular é um ching ling, legítimo da 25 de Março com 2 chips rsrsrs.
    Morro de medo de trocar por um smartphone e cair nessa armadilha, pois eu me conheço e sou muito obsessiva!
    Beijos.

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    1. kkkk É meio triste mesmo Lucia! As pessoas estao realmente dependente. Os passageiros da ponte aérea que os digam. Será o proximo post: A ponte aérea! rs

      Tenho também um certo grau de vicio com relação ao meu smart phone, mas ainda valorizo incondicionalmente um bom papo face to face!

      Bjos

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  2. Excelente texto Felipe! Continue postando esses casos da aviação. Estava com saudades de seus textos. Sempre quando os leio me sinto mais perto do meu objetivo de virar comissário de bordo.

    Grande abraço e bons céus.

    Att,

    Lucas

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    1. Muito obrigado Lucas!

      Foco no seu objetivo! Vai com tudo!

      Abração

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  3. Faço das palavras do Lucas, acima, as minhas.

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  4. Faço das palavras do Lucas, acima, as minhas.2
    e não precisa ter um tema, fale de coisas do cotidiano, pernoites, voos, alem das dicas e apoio para nos aspirantes

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