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domingo, 13 de novembro de 2011

PERCEPÇÕES DE VOO - RELACIONAMENTOS



A pergunta que nunca se cala: É possível namorar enquanto se voa?

Quando eu entrei na aviação pensava que encontraria um mar de solteiros. Como era possível manter um relacionamento praticamente a distancia? Era como namorar artistas de circo itinerantes.

Desde o meu primeiro voo, tenho conversado muito sobre isso com colegas de trabalho. Não tenho muita experiência neste quesito. rs Mas posso contar um pouco sobre as conclusões que eu tirei a partir das minhas percepções.

Nem quando eu trabalhei em hotelaria eu vi tanta gente casada e em relacionamento sério como na aviação. É muita gente casada, com filhos e namorando sério. É fácil então chegar a conclusão de que é possível sim. Posso desmembrar mais essa conclusão....

Das pessoas casadas pude ouvir sobre como adaptar uma relação neste mundo louco da aviação. Elas buscam todas as maneiras possíveis para ver seus cônjuges. Se utilizam de folgas e escalas dirigidas. Quando os dois são da aviação, procuram solicitar folgas casadas. Para os maridos é muito mais difícil entender a vida de uma comissária. É sempre muito pior para quem fica em casa esperando. Mas quando tem amor, esse obstáculo é derrubado facilmente. Vejo muita troca entre os casados. Um ajudando o outro a cuidar da casa. Um ajudando o outro a cozinhar. Acho que é assim que tem que ser.

E quando se tem filhos? Aconselho ir no blog da Lúcia ( http://noarr.blogspot.com/) . Ela foi comissária da VARIG, é instrutora, psicóloga e foi minha professora da escola de aviação. Ela é uma enciclopédia viva do mundo da aviação. Ela escreveu um texto incrível sobre como criar filhos neste mundo.

De quem namora, ouço muitas histórias de desentendimentos e discussões. Principalmente vindas da parte de quem fica em casa. É realmente complicado saber que a namorada estará viajando por aí e que ela ficará rodeada de pilotos tentando cortejá-las. Sim! Muitos pilotos se "engraçam" para as comissárias! É mais comum do que se pensa. Normalmente as comprometidas nem ligam e fingem que não vêem. Outras acabam cedendo - acontece. Como também é difícil para as mulheres saberem que seus namorados estão cercados de comissárias lindas e solteiras. E para os homens que namoram homens é tão complicado quanto - afinal de contas muitos comissários são gays.
Chego mais uma vez ao clichê dos relacionamentos: Quando se tem confiança é possível. Namoros firmes existem mesmo quando eles acontecem no centro do olho do furacão - vulgo aviação.

Percebi que a busca por relacionamentos maduros e estáveis é a maior busca dos tripulantes. Talvez seja para tentar, ao menos em uma parte, ter uma vida de uma pessoa normal. rs

Creio que como em qualquer relacionamento, não pode faltar respeito e confiança. Vejo muitos tripulantes em relacionamentos super estáveis. Casais comprando apartamentos, montando festas de noivado, ou então famílias lindas e fortes. É bom de ver. É bom saber que é possível.

Entretanto não posso dizer que o mundo da aviação é puro e casto. É claro que muita coisa acontece por trás dos panos, atrás das coxias e nos quartos dos hotéis espalhados por esse mundão. Mas aí eu dou uma de macaco cego, surdo e mudo. Não vejo nada e nunca sei de nada. Evito iniciar e entrar em AFAS.

Próximo post: AFA (Associação dos Fofoqueiros da Aviação)

sábado, 5 de novembro de 2011

ESCALA DIRIGIDA


A base da minha empresa fica em São Paulo. Logo todos os meus vôos se iniciam e terminam lá. E por isso também tenho um canto para ficar na terra da garoa - um canto onde deixo minhas coisas, onde cumpro sobreavisos, me preparo para vôos de madrugada e durmo quando chego muito tarde .

Como é de conhecimento da maioria, muitos comissários não são originalmente de Sampa. E todos nós de fora, ou pelo menos a maioria, fazemos de tudo para sempre voltar para a cidade natal. Buscamos algumas opções que a empresa nos fornece. Uma delas, e que já escrevi sobre, é o passe. Com eles nós voltamos para casa nas nossas folgas e curtimos um pouco as origens.

Outra solução para conseguir voltar mais para casa é a escala dirigida. Podemos assinar um termo de solicitação para que, sempre que possível, tenhamos pernoites nas nossas cidades - se a empresa voar para este destino, é claro. Neste termo de solicitação também abrimos mão de utilizar o hotel que a empresa disponibiliza - porque fica entendido que estou indo para a minha casa; logo não preciso de acomodação.

A minha escala dirigida para o Rio de Janeiro tem funcionado. Tenho conseguido bons vôos. Afinal de contas o Aeroporto do Galeão é o principal Hub da minha empresa, juntamente com o aeroporto de Brasilia. (Ou seja, do Galeao saem vôos para todo o país)

Para mim, ter escala dirigida para o Rio é poder marcar consultas dentárias e médicas com mais facilidade, é poder dormir mais vezes na minha cama, ver mais meus amigos e família, arrumar a casa que sempre fica bagunçada e também resolver pendengas da vida adulta. Como a aviação é uma eterna metamorfose que sofre interferências de muitos meios, nem sempre as coisas acontecem como eu espero. Acontece de o vôo mudar interinho e eu acabo perdendo alguns pernoites em casa - aí tem que preparar o telefone para desmarcar os compromissos. Mas isso não há como mudar - a vida do comissário é cheia de surpresas, sejam elas bem vindas ou não.

Pensando de uma forma mais lírica, ter este tipo de escala me proporciona uma sensação única: a de ter uma vida parecida com as das pessoas normais - daquelas que saem do trabalho e vão para casa. É bom poder conciliar a loucura dos deslocamentos e hotéis espalhados pelo Brasil com a normalidade de dormir em casa depois de um dia típico de trabalho. rs

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