
Eu nasci na antiga capital do país, no cartão postal do Brasil, onde nasceu a bossa nova, onde ocorreram as principais manifestações políticas da história, a janela do país para o mundo e a segunda maior economia da nação....eu nasci no Rio de Janeiro. Eu nasci onde dizem nascer as modas. Será mesmo?
Quando comecei a voar, e isso não faz muito tempo, descobri lugares, pessoas e culturas que não pensava encontrar aqui. Como nasci numa cidade grande e sem dúvida importante para o país, cheguei a pensar que tudo com que fosse me deparar no país fora do eixo Rio-São Paulo seria secundário. Voar me trouxe uma resposta oposta. Como dizem, não é assim que a banda toca.
Me deparei com cores diferentes, sabores exóticos e com uma originalidade surpreendente. Voar por esse Brasilzão me ver ficar encantado com esse país, culturalmente falando. Os sotaques, as cores de pele, os ditados populares, os vocabulários...nossa, como nós somos diversos!
Apesar da importância econômica do eixo Rio-São Paulo, não pense que esse é o centro do país. O que nasce neste circuito nem sempre se expande para os outros estados do Brasil. E nem tudo que nasce nas ouras regiões, chega aqui. Logo não sabemos, daqui, como músicas, modas e costumes brilham por lá.
Nós, paulistas e cariocas temos que parar de achar que nos bastamos. A cultura popular, as modas e a identidade cultural do Brasil se expande por cada cantinho deste enorme país. Nada do que é produzido em nossa cultura é secundário ou menos importante. Tudo faz parte de uma grande massa, de um grande emaranhado que se chama cultura brasileira.
O camarão daquele boteco de Fortaleza é tão gostoso quanto a Lagosta do Satyricon, no Rio de Janeiro. O balanço dos Aviões do Forró é tão empolgante quanto o samba de cartola ou a batida house da The Week de São Paulo. Gosto é gosto. Não existe o muito bom ou muito ruim no que diz respeito a cultura. Se você não curte, respeite. Isso tudo aqui é Brasil! E essas diferenças todas, essas coisas todas diferentes e misturadas são fascinantes!
Tenho aprendido muito a gostar do que é Brasil - e se não curto algo, respeito e reconheço aquilo como parte minha também, da identidade do país onde moro, trabalho, sobrevoo e desvendo, cada vez mais! É muito bom! É uma delícia!